Saúde Digital: uma nova dimensão no cuidado de pacientes com doenças reumáticas crônicas

As recentes inovações na saúde digital trazem inúmeras oportunidades para ajudar médicos, pacientes, fontes pagadoras e outros agentes do sistema de saúde a melhorar eficiências, resultando em melhores desfechos clínicos para os pacientes.

A tecnologia aplicada à saúde tem o potencial de encurtar distâncias entre os stakeholders envolvidos nos cuidados de pacientes com doenças reumáticas crônicas e outras doenças autoimunes. Isso melhora não só o cuidado ao paciente, mas tem um grande potencial em reduzir custos no tratamento dessas doenças.

Vários tipos de tecnologia como aplicativos, telemedicina, plataformas de acompanhamento remoto de pacientes, wearables ou uma combinação entre elas, permite a prestação de serviços de cuidados em saúde, superando restrições de localização, distância e tempo. Além disso, a análise de dados em tempo real e a inteligência artificial estão ajudando médicos e sistemas de saúde a otimizar recursos e gerar melhores desfechos.

A seguir, descreveremos os principais tipos de tecnologias utilizadas na saúde que podem beneficiar pacientes e médicos.

Telemedicina

A telemedicina cresceu enormemente, impulsionada principalmente pela pandemia da COVID-19. Por meio da telemedicina é possível não só realizar consultas, mas monitorar pacientes, analisar exames e trocar informações médicas. Ela tem o potencial de preencher as lacunas entre os entes envolvidos no cuidado de pacientes com doenças reumáticas crônicas.

Muitos pacientes com doenças autoimunes, reumáticas ou não, estão em uso domiciliar de medicamentos de alto custo, como os imunobiológicos, muitas vezes sem um acompanhamento médico regular. Isso pode trazer consequências tanto do ponto de vista de segurança do paciente, quanto de adesão ao tratamento.

O acompanhamento regular via teleconsulta, permite ao médico verificar a adesão ao tratamento e monitorar possíveis efeitos colaterais ou contra-indicações pontuais à aplicação do medicamento.

Consequentemente, garantimos segurança ao paciente e reduzimos custos com desperdícios associados ao tratamento medicamentoso. Além disso, a teleconsulta realizada entre as visitas médicas presenciais pode servir para monitorar desfechos clínicos, prevenir idas ao pronto-socorro e oferecer cuidado multidisciplinar.

Monitoramento remoto

O monitoramento remoto do paciente, que pode ser realizado por aplicativos, wearables e até mesmo robôs, terá implicações profundas na prestação de cuidados da saúde.

Milhares de aplicativos de saúde existem e novos surgem a cada dia. Essas tecnologias ajudam pacientes a registrar seus próprios dados de saúde (como questionários de atividade de doença na artrite reumatoide) e compartilhá-los com o médico assistente, a aprender mais sobre sua doença, a melhorar a adesão ao tratamento e a estimular um estilo de vida saudável.

Podem ser úteis também em prover uma interface direta entre pacientes e médicos ou outros profissionais de saúde.

Inteligência artificial, machine learning e análise de dados

Doenças reumáticas são de natureza crônica e a resposta clínica usualmente segue um curso variável. Com avanços recentes em análise de big data, modelos estatísticos, inteligência artificial e machine learning (aprendizado de máquina), é possível descobrir tendências, padrões e correlações que as vezes são perdidas.

A inteligência artificial pode ajudar na tomada de decisão clínica em tempo real, otimizando resultados de saúde do paciente e muitas vezes eliminando investigações desnecessárias, intervenções e/ou tratamentos que não funcionaram no passado.

Essas tecnologias são atualmente uma área ativa de pesquisa e desenvolvimento que incluem diagnóstico, previsão de doenças, estratificação de risco, monitoramento, identificação de dados relevantes de prontuários eletrônicos ou outras fontes e automação de atendimento, como bots de bate-papo de saúde.

Ainda não conseguimos utilizar essas tecnologias em toda sua dimensão na prática clínica do médico reumatologista. Isso se deve em grande parte à ausência de dados de qualidade, que são a base para a análise.

Esforços em aprimorar a qualidade dos dados de registros eletrônicos são fundamentais para que possamos usufruir dessas ferramentas no futuro, com o intuito de melhorar o cuidado de pacientes com doenças reumáticas crônicas.

Conclusão

Para concluir, podemos imaginar um sistema de tecnologias integrado e seu funcionamento numa clínica de reumatologia do futuro: os pacientes usarão aplicativos de smartphone para relatar os sintomas a seus médicos. Esses sintomas podem ser compilados em forma de questionários e armazenados por meio do prontuário eletrônico. As informações desse registro e de outras fontes de dados serão integradas em um ambiente de servidor centralizado e seguro. Algoritmos de machine learning e inteligência artificial serão executados com base nos dados para auxiliar os médicos no diagnóstico, prognóstico, seleção de tratamento de melhor custo-efetividade e monitoramento.

Além disso, a adesão ao tratamento medicamentoso e a hábitos de vida saudáveis podem ser monitorados e estimulados usando essas tecnologias.

Dessa forma, a tecnologia permite não só melhorar o cuidado mas também reduzir custos para as fontes pagadores, ou seja, melhorar a eficiência da cadeia de saúde como um todo.